Israel está numa encruzilhada, precedida somente pelo dia da declaração do Estado em maio de 1948.
David Ben Gurion, sabiamente tomou duas decisões que estabeleceram a soberania do Estado de Direito: desmantelou a Palmach e proibiu descarregamento de armas do Altalena — definindo o exército como o único órgão armado, sem milícias partidárias.
Infelizmente, ele não fez o mesmo com o sistema educativo e permitiu a institucionalização de sistemas educativos partidários.
Se a criação do exército único definiu a soberania do Estado de Direito, a politização do sistema educativo foi a semente que geriu a crise de hoje: o questionamento da soberania —uma significante parte da população escolhe seguir as resoluções do establishment rabíníco (ou o establishment Isâmico), e se opõem ao sistema democrático —baseado em decisões de maioria por voto universal, separação de poderes (legislativo, executivo, judicial), direitos individuais e de minorias.
Os sionistas religiosos, que antes eram mais sionistas que religiosos, passaram a uma ortodoxia misturada com nacionalismo extremista — e a mistura de religião com nacionalismo sempre foi fatal. Junto com os ortodoxos, que nunca foram sionistas, usam a técnica de Jiu Jitsu para usar os mecanismos da democracia para a destruir, aproveitando uma maioria conjuntural, utilizam o que Alexis de Toqueville chamou de “Tirania da Maioria”.
Se juntam a esses os que têm interesse pessoal em controlar o poder judicial (O julgamento de Netanyahu) e os demagogos políticos de direita eloquentes oponentes aos mecanismos de crítica do executivo: a Justiça e a Imprensa livre- Netanyahu em Israel, Orback na Hungria, Trump nos EUA, Bolsonaro no Brasil: todos, no mesmo discurso.
Sem precedentes, a sociedade civil tomou a iniciativa do protesto, conseguindo pelo menos adiar decisões quase ireverssíveis. Esse são os que servem ao exército, contribuem à economia e pagam impostos.
O que testemunhamos hoje é o conflito entre duas narrativas: uma, deseja construir um estado judeu e democrático, no espírito da Declaração de Independência do Estado frente à outra, que defende uma teocracia autoritária que levará a um apartheid ou a um Estado árabe com minoria judaica oprimida – o fim do sionismo.
Minha educação no movimento juvenil me levou a fazer aliá nos anos 70, inspirado pelo livro que vendíamos na tnuá “O Estado Judeu” de Theodor Herzl ao lado da doutrina de Borochov que pregava valores de igualdade social. Toda minha vida foi dedicada á militância por esses dois valores, estado laico e justo —e continuo ainda hoje: O soberano é o Estado de Direito, com separação de poderes, pesos e contrapesos balanceados, direitos individuais e respeito a minorias.
Para vencer a regressão à galut, que porá em questão não só a existência do Estado Sionista, como também o próprio futuro do povo judeu, torna-se essencial a militância dos movimentos juvenis sionistas no mundo, a fim de fortalecer as forças sionistas e democráticas de Israel.
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