Jorge Américo Sussmann nasceu em 20 de junho de 1929 em Bratislava (Checoslováquia) como Juraj Immerich. Na sua família se falava alemão e um pouco húngaro. Seu pai, Ernesto, era um homem de negócios que importava produtos lacticínios, principalmente queijos, da Finlândia.
Logo após o acordo de Munique de setembro de 1938, a Eslováquia tornou-se um estado fascista e colaboracionista de Hitler. Naquelas circunstâncias, o pai de Jorge, influenciado pela mãe que não queria criar seus filhos numa Eslováquia semi nazista, ultra nacionalista e antissemita, buscou meios para abandonar o país.
Sob pretexto de uma viagem de negócios, Ernesto chegou a Helsinki em setembro\outubro de 1939, e como muitos judeus estrangeiros, se dirigiu a vários consulados a fim de obter um visto de entrada para algum país, sem se importar qual e aonde. Elza, a mãe, queria muito emigrar à Palestina, mas naquele cenário, ela também se contentaria com outro país. Depois de muitas recusas, o pai de Jorge teve a sorte de encontrar um funcionário solidário no consulado brasileiro. Lá ele recebeu vistos no seu passaporte e no de Elza com os filhos, Jorge e Magdalena, o que lhes possibilitou entrar no Brasil na condição de turistas.
A viagem para o Brasil foi uma verdadeira saga através dos oceanos. Ernesto chegou no Brasil via EUA e o restante da família via Budapeste e Trieste. Eles embarcaram no Neptunia e chegaram em Santos em 24 de março de 1940.
Em São Paulo a família alugou um apto. na Vila Mariana e Jorge foi estudar no colégio Mackenzie. Desde jovem ele gostava muito de estudar. Tanto Jorge, como sua irmã menor Magdalena, frequentaram a Avanhandava, os escoteiros da CIP de São Paulo, até os 18 anos.
Jorge e a irmã Magdalena em São Paulo, 1947
Seus primeiros diplomas foram em Engenharia Elétrica e Mecânica na Politécnica e paralelamente cursou a faculdade de física, ambas na USP. Posteriormente, Jorge concluiu seu Ph.D. em Física Teórica na mesma Universidade.
Em 1948, com o estabelecimento do Estado de Israel, como muitos jovens da sua geração, Jorge, com 19 anos, entrou para o Dror. Ele ficou na memória dos veteranos e nos anais do movimento por haver sido privilegiado no famoso "seminário da Lapa" que ocorreu em 1º. de maio de 1950. Naquele evento, se tomou uma decisão crucial para a vida dos chaverim do Dror. Eles deviam abandonar os estudos universitários para se dedicar integralmente ao movimento e se "proletarizar", ou seja, aprender ofícios técnicos e manuais. A decisão dizia respeito a todos, menos a três considerados excepcionais por seus talentos, e por tal, foram isentos para concluir sues estudos universitários. Eram eles - Jorge Sussmann na física, Vittorio Corinaldi na arquitetura e Iosef Kucinski na medicina.
Jorge devia integrar o segundo garin e fazer aliá para Bror Chail. Porém, ocorreu que ele conheceu uma jovem, Elizabeth Hodos (judia de origem húngara) no dia de sua formatura e ela não tinha nenhuma predisposição para viver no kibutz. Jorge optou por ela e abandonou o movimento.
Permanecendo no Brasil, Jorge foi trabalhar no Instituto Técnico da Aeronáutica (ITA) em São Jose dos Campos. Jorge Sussmann, excepcionalmente competente, recebeu várias bolsas de estudo entre 1955 e 1962. Nestes anos ele esteve em Liverpool, Zurique e Orsay na Europa, que eram eminentes centros de pesquisa em Solid State Physics. Na Inglaterra, Jorge e Elizabeth casaram e após oito meses retornaram a São Jose dos Campos onde nasceu Diana Ruth, a primeira filha do casal. Noutra destas ocasiões, em 1961, na Suíça, nasceu Dora Regina, (em Israel, Yardena Dora) a segunda filha. Após estas tournées acadêmicas, ele trabalhou num centro de pesquisas no Rio de Janeiro e na USP.
Contudo, a ideia de viver em Israel nunca o abandonou. Em 1966 surgiu a oportunidade para fazer aliá graças a um contrato de trabalho que ele assinou com o Instituto Weizmann de Rechovot. Paralelamente, Jorge lecionava física na Universidade Bar Ilan. Passados dois-três anos no Instituto Weizmann ele foi convidado a trabalhar no Centro de Pesquisa Nuclear Soreq . Em 1971, seus pais com sua irmã Magdalena fizeram aliá e no ano seguinte, Jorge e a família foram passar o ano sabático no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) em Grenoble.
No final daquele ano de 1972 descobriram que ele tinha leucemia e começaram tratamentos médicos que resultaram fatais. Jorge Sussmann faleceu prematuramente por um aneurisma no dia de seu aniversário, em 23 de junho de 1973, quando completava 44 anos de vida. Elizabeth e as filhas voltaram para Israel. Jorge está enterrado no cemitério de Naharya, perto dos túmulos de seus pais e da Elizabeth. Em uma das salas Centro de Pesquisa Nuclear Soreq se encontra uma placa comemorativa em memória a Jorge Sussmann.