Miriam nasceu no Rio em 1926, no ano em que seus pais chegaram da Romania ao Brasil. Aos quatro anos de idade, ela e a mãe retornaram para lá e até os 12 anos viveram na casa do avô num shtetl que tinha vários nomes, em idisch era conhecido por Novoselitz, ao norte da Bessarábia (atualmente Novoselytsya entre a Moldávia e Ucrânia).
Lá, ela estudou na escola Tarbut. Seu avô era um melamed com uma pedagogia avançada para aqueles dias, que influenciou a pequena Miriam. Com o falecimento do avô em 1938, mãe e filha voltaram ao Brasil e se reuniram com o pai. As notícias da Shoah e o fato de colegas suas da escola de Novoselitz terem sido assassinadas afetou-lhe muito.
Ela cresceu numa família de judeus observantes, sendo que seu pai, Shmuel Halfin, era muito ativo no partido sionista religioso Mizrahi no Rio.
Miriam ouviu a respeito do Hashomer Hatzair nas visitas constantes que ela fazia à biblioteca da escola e nas conversas com o bibliotecário que lhe contava sobre esse movimento juvenil. Miriam participou na primeira machané da Juventude Sionista Brasileira organizada em 1944 na fazenda dos Guelmans no Paraná, evento que antecipou a criação dos movimentos juvenis sionistas chalutzianos no Brasil.
Os participantes juntavam mudas de árvores nashoras da manhã para compensar o Guelman e a tarde eles realizavam palestras e outras atividades. Miriam com outra companheira estavam encarregadas da cozinha e na tentativa de mantê-la Kosher, por tradição e convicção, ocorria que quando havia um prato suspeito elas o
quebravam imediatamente…
Miriam Halfin fez parte do primeiro grupo brasileiro do Machon LeMadrichim (machzor daled) que entrou na Palestina Mandatária com visto britânico no final de 1947 e retornou ao Brasil depois de um ano, e passar a Guerra da Independência em 1948, com carimbo israelense nos seus passaportes.
Ao retornar do Machon, ela encontrou o Hashomer Hatzair no Rio numa crise que havia começado anos antes, em julho de 1946, com a dissolução do Ken no Rio de Janeiro pela influência e carisma do enviado do Keren Kayemeth, Nathan Bistrizky (Agmon), antigo membro do Hashomer Hatzair da Polonia, que se opunha a dupla filiação dos chaverim no Hashomer e no Partido Comunista. A crise se desenvolveu com a exigência da Hanhagá Rashit para que os chaverim abandonassem seus estudos.
De 1949 até sua aliá em 1952, Miriam desenvolveu intensa atividade no Rio, Bahia e Belo Horizonte conseguindo elevar a 2,000 o número de chanichim do Hashomer Hatzair no Brasil. Nestes anos, Miriam foi Mazkirá Rashit do Hashomer Hatzair no Brasil. Ela estudou história e geografia na Universidade do Rio de Janeiro e foi professora no Ginásio Hebreu Brasileiro. Em 1952, ela integrou o garin aliá que se estabeleceu no kibutz Gaash e em 1957 saiu do kibutz.
Em Israel, Miriam continuou a se ocupar de educação como Rosh Chinuch do Hashomer Hatzair mundial, e durante seus estudos, foi secretária do ministro da saúde, Israel Barzilai, que era membro do MAPAM, o partido do Hashomer Hatzair.
Miriam fez o mestrado na faculdade de educação da Universidade Hebraica e sua carreira profissional esteve focada no trabalho comunitário de assistência social e por muitos anos ela instruía estudantes da Universidade Bar Ilan que eram estagiários. Miriam foi uma empreendedora enérgica e persistente durante toda sua vida.
Suas iniciativas na área profissional incluem a criação de centros de trabalho comunitário na área de saúde mental em Jerusalém, Tel Aviv e Holon, além de iniciativas voluntárias em trabalho comunitário envolvendo judeus e árabes em Jaffo e na absorção de novos imigrantes músicos da União Soviética ao sistema educacional de Israel.
Já aposentada ela desenvolveu um programa de TV comunitário produzindo e dirigindo filmes, um deles de 35 minutos, descreve os chaverim do seu Machon que vieram a Israel naquele momento dramático de antes e durante a criação do Estado de Israel. No filme aparece seu testemunho, dos irmaos Naftali
e Fiszel Czeresnia, David Sztulman e outros deste machzor.